POETA DA LOUCURA E SEUS HETERÔNIMOS: FERNANDO PELLISOLI; FERNANDO GOMES; RAFAEL GAFFORELLI; JULIANO ALVES; FABIANO MONTOURO.
terça-feira, 18 de maio de 2010
CÂNTICO XXXII
Tu és culpado
Pelos teus dissabores.
Pelas tuas frivolidades.
Tu acreditas nas tuas ilusões.
Nas tuas ambições de conquistar o mundo.
Seja o inverso do verso.
Conquistas a ti mesmo.
Revolucionas o teu próprio mundo.
A tua pobre alma
Recheada de pecados capitais.
Tu és culpado
Pelo teu egoísmo.
Pelo teu orgulho.
Pelo teu desamor...
Seja a caridade.
A humildade.
O amor...
CÂNTICO XXXI
Não te aproprias de nada.
Desfaças-te dos teus prazeres frívolos.
Das tuas efêmeras ilusões.
Das tuas mesmices cotidianas.
Faças a tua escolha.
Tenhas a coragem de mudar a tua vida:
Multiplicas-te.
Amplias-te.
Na tua infinidade.
No teu silêncio sábio.
Sejas (em ti mesmo)
A tua liberdade de voar
No teu infinito.
Pois tu és eterno
Na tua eternidade
Única.
Intensa.
Inviolável.
Inquestionável...
CÂNTICO XXX
Desiludas-te
Dos teus vícios imorais.
Da tua sede de volúpia.
Da sensualidade da tua luxúria.
Seja a pacificação
Do teu coração atormentado.
De tristezas.
De conjecturas.
De intolerâncias.
Desiludas-te
Das tuas paixões materiais.
Da tua sede de poder:
Conquistas a ti mesmo
No teu universo
De virtudes...
CÂNTICO XXIX
Não dividas o tempo.
Divinizas o teu vento
Em navegar em tua tênue criação
Do teu próprio universo.
Não dividas a tua mente
Em pedacinhos de pensamentos.
Penses bem longe,
Por detrás da linha do horizonte.
Penses como um monge
No âmago da tua solidão.
Reencontras-te
No silêncio obscuro
Da tua real contemplação
Escamoteada
Dentro de ti mesmo.
Na tua indivisível
Imortalidade...
CÂNTICO XXVIII
Não fales palavras vãs.
Não interrompas o teu silêncio.
Não crias metáforas do absurdo.
Não te exaltes na tua inconsistência das coisas.
Não queiras ter o céu.
Não queiras o fel da terra.
Aproprias-te de ti mesmo
No teu silêncio puro e contido
De ser, em ti,
O teu próprio mundo desconhecido.
Perplexo de tédio.
Repleto de angústias.
Espectro de ânsias...
Não fales palavras vãs.
Não desperdiças o teu tempo
Nas mesmices cotidianas.
Voes bem alto.
Sejas (em ti mesmo)
O teu ser profundo
Nas idéias despercebidas
Do teu vulgo...
Não interrompas o teu silêncio.
Não crias metáforas do absurdo.
Não te exaltes na tua inconsistência das coisas.
Não queiras ter o céu.
Não queiras o fel da terra.
Aproprias-te de ti mesmo
No teu silêncio puro e contido
De ser, em ti,
O teu próprio mundo desconhecido.
Perplexo de tédio.
Repleto de angústias.
Espectro de ânsias...
Não fales palavras vãs.
Não desperdiças o teu tempo
Nas mesmices cotidianas.
Voes bem alto.
Sejas (em ti mesmo)
O teu ser profundo
Nas idéias despercebidas
Do teu vulgo...
CÂNTICO XXVII
Não te demoras
Contando as estrelas.
Queimando-te sob o sol férvido.
Jogando jogos mirabolantes
Na tua vida incerta...
Não queiras ser do mundo
Mais do que tu és de ti mesmo:
Sem rasuras.
Sem tremores.
Sem idiotices.
Sem permanências ignóbeis...
Despedaças-te
Em teu mundo de vitral.
Em teus castelos de areia.
Renovas-te.
Renasças em ti mesmo
Na sabedoria imortal
Do teu espírito
Já glorificado
Em tuas angústias
De luzes...
CÂNTICO XXVI
Vais ao vasto mundo
Que coabita em ti mesmo.
Explora este teu universo
- espelho das tuas indagações
Mais íntimas...
Não te apequenas (fora de ti mesmo)
Neste mundo irreal
De coisas exclusivamente materiais.
De coisas insólitas
Que arrefecem o teu amor.
Seja a imagem
Da plena liberdade
Posta, intacta, em ti mesmo.
Ultrapassas todos os teus horizontes
Na elasticidade da distância
Em teu perispírito.
Esqueças a carne fugaz.
Sejas (em ti mesmo)
O teu espírito
Imortal...
CÂNTICO XXV
Não te desfaças
Dos teus sonhos impregnados de amor.
Seja o teu próprio amor
Em ti mesmo.
Não amas a vida
Mais do que ela te é necessária.
Nem amas a morte
Pois tu és imortal
Na tua individualidade do Ser.
Seja o espírito
Inquebrantável.
Indivisível.
Numa única identidade
Espiritual.
Disseminando
Os teus sentidos.
Sobretudo,
A tua visão cósmica
Do teu único Deus.
Que criou o universo infinito.
E a tua eternidade...
CÂNTICO XXIV
Sejas, no teu espelho,
O reflexo da vida.
O reflexo da tua própria vida.
Sem máscaras.
Sem a ideologia
Que dispersa o teu pensamento.
Que desvanece o amor em ti mesmo diverso.
Seja o verso da tua poesia
Que o alimenta.
Sem utopias.
Sem quimeras.
Nas mãos do teu lúdico.
Seja o seu amanhã discreto
Na tua liberdade
De confabular com as estrelas.
No teu juízo de pensar
Em ti mesmo.
E em teu Deus
No influxo da eternidade...
CÂNTICO XXIII
Onde está a tua felicidade
Que tanto procuras?
Que procuras fora de ti.
Mas tu nunca encontras...
Por quais caminhos tu andas?
Quais são as tuas utopias?
Quais são as tuas quimeras?
Não percebeste:
Tu estás fora de ti mesmo.
Do lado de fora entre as coisas do mundo.
E o teu mundo?
A tua parte mais interna,
Mais profunda.
Esqueceu-te dela?
Reconsideras a tua caminhada.
Deparas-te contigo mesmo.
Vasculha o teu universo interior.
E tu descobrirás a tua felicidade
Dentro de ti mesmo...
CÂNTICO XXII
Não imaginas
O que tu hás de ser.
Sejas.
Definas-te.
Nasças dentro de ti mesmo.
No teu desejo.
Na tua tristeza.
Na tua alegria.
Na tua angústia.
Na tua ânsia.
No teu amor...
Seja o universo infinito em ti mesmo.
Voas alto.
Crias o inusitado.
Inventas o teu próprio tempo.
Não te prendas ao relógio.
Nem as horas.
Nem aos minutos.
Nem aos segundos.
Não sonhas.
Seja o sonho impregnado
Em ti mesmo...
CÂNTICO XXI
Desfaças-te
Dos teus sonhos pequenos
Da matéria.
Libertas a tua alma imolada.
Sejam os teus sonhos alvos e infinitos no teu Deus.
Que está dentro de ti mesmo.
Que está em todas as coisas e os lugares.
Sejam as asas dos ventos.
Sejam as asas dos mares.
Seja a infinidade dos oceanos.
Em todos os percalços;
Mas não te percas de ti mesmo.
Estejas em todos os teus caminhos
Dentro de ti mesmo.
Sejas no espírito.
Tu és único.
Tu és imortal.
Tu és eterno.
Tu és a tua eternidade...
CÂNTICO XX
Tu és o teu próprio guia.
Nas sinuosidades do teu caminho.
Não te dividas em várias modulações:
Sejas único.
Imortal.
Subconsciente.
Iluminado...
Mas não te esqueças
Do teu fiel escudeiro:
Do teu anjo de guarda!
E do teu Deus
Que está dentro de ti mesmo:
Dentro do teu universo circunscrito.
Inviolável.
Deslumbrado.
Apaixonado.
E ainda imperfeito
Em todas as tuas imperfeições...
CÂNTICO XIX
Voas alto.
Além da linha do horizonte.
Não queiras pisar na terra.
Não queiras construir as tuas quimeras.
Sejas impaciente
Contigo mesmo...
Mergulhas fundo no teu oceano.
Nas imperfeições do teu espírito jovem:
Cheio de rodeios;
Cheio de pecados capitais;
Cheio de ânsias...
Avanças a tua mediunidade num hino de louvor.
Seja o alimento indigesto
Da funda leitura...
Procuras-te.
Divinizas-te.
Silencias-te nos teus sentidos.
Seja a abnegação
Dos teus efêmeros prazeres
Na fruição da prece.
Seja a crença
Que em ti mesmo
Estão as tuas respostas
Invioláveis...
CÂNTICO XVIII
Não te percas em picuinhas.
Não te entregas às gargalhadas inúteis.
Seja o silêncio
Do discernimento ereto.
Do pensamento reto.
Não invadas o teu mar
Com frivolidades obscenas.
Seja a grandeza infinita
De ser grande em ti mesmo...
Não te demoras diante do mundo materialista.
Não te curvas diante da lua.
Não queiras ser o sol.
Não dividas a vida
De esperança.
De tristeza.
De cumplicidade.
De desejo.
De amor...
Seja a lealdade da necessidade
De ser tu mesmo
Dentro e fora de ti mesmo,
Sendo único e eterno...
CÂNTICO XVII
Não aceitas inverdades
Como se fossem luzes a te iluminar...
Sejas da vanguarda.
Invista os teus sonhos mais etéreos
Na pesquisa.
No discernimento.
Na analogia.
No teu resumo.
Na tua análise.
Na tua psicanálise
De estar incontido
Dentro de ti mesmo
Irremediavelmente translúcido.
Seja a infinidade da tua glorificada tristeza
Que arrefece os teus prazeres...
Seja a depuração
Do teu espírito melindroso;
Não gozas a vida
Mais do que ela te goze...
Sejas atento dentro de ti mesmo
No apogeu
Da tua eternidade...
CÂNTICO XVI
Não te limitas ao tempo.
Ultrapassas as nebulosas.
Atravessas as galáxias.
Transcendas às dimensões
Nas nuances dos universos infinitos.
Sejas (afora do teu “cadáver adiado que procria”)
O teu espírito vespertino
Dissipando as tuas aporrinhações de mundo:
Não te demoras.
Não a tua irreflexividade.
Não desanimas.
E não te contaminas em tua pátria...
Seja o teu horizonte
Translúcido de emoções,
Na tua liberdade
De ser em ti mesmo
A tua eternidade...
CÂNTICO XV
Não te lamentes do passado.
E não vivas no presente.
Perpassa o que advém do teu futuro.
Crias os teus momentos
Nas abas dos ventos.
Seja um visionário
Desbravando os teus caminhos
Em ti mesmo.
Não durmas sonhado;
Sonhas acordado
No limiar da tua eternidade
Em surto permanente:
Imóvel.
Diversas.
Complexa.
Infinita...
CÂNTICO XIV
Tenhas a impaciência
De buscar no âmago do teu Ser
As vagas respostas
Que não te foram devidamente respondidas
Na tua espera.
Na tua euforia.
Na tua infelicidade.
Onde o teu sonho percorre
É a frivolidade
De nunca encontrar-se contido
Em ti mesmo;
Na tua felicidade excepcional da essência
Que é a realidade
Toda espiritual e eterna.
Que és tu mesmo
No teu silêncio infinito
Na eternidade...
CÂNTICO XIII
Não saias de ti
Na busca do inusitado:
O mundo é pequena euforia
Que cabe
Dentro da tua janela.
De sonhos.
De loucuras.
De tristezas.
De solidões.
E de desamores.
Não queiras o mundo frívolo
Das aparências tênues.
Sejas profundo
E preenchas o teu vazio,
Que te afunda
No teu abismo inquestionável
Em não ser (em ti mesmo)
A tua etérea verdade
Introspectiva...
CÂNTICO XII
Não queiras a ilusão
De te apossares dos caminhos.
Desfaças-te do império
De conquistar a aparência das coisas.
Seja a certeza
Do teu universo posto:
Nas flores,
Nos amores,
Nos odores
E nos teus labirintos obscuros de liberdade.
Não sofras em vão
O teu destino traçado
Pelo teu próprio livre-arbítrio:
Elevas a tua alma
Rebaixando o teu corpo
Aos gozos fúteis.
Seja o porvir
De um sonho menos efêmero
No espaço infinito
Da tua essência...
CÂNTICO XI
Não desejas o céu.
Nem te acomodas sobre a terra.
Não buscas (nos prazeres)
As falsas irrealidades
Das tuas alegrias fúteis.
Sejas imenso.
Sejas bem elevado
Onde tu possas encontrar o portal do infinito,
Que está (infinitamente)
Dentro de ti mesmo
E que é eterno...
CÂNTICO X
Não queiras ter coisa alguma.
Não queiras ser nada.
Não delira fora de ti.
É dentro de ti mesmo que tu és tudo:
Tu és tristeza,
Tu és mágoa,
Tu és solidão,
Tu és o teu desejo,
Tu és o teu amor...
E um infinito de odores no teu silêncio.
Não queiras a tua vida.
Não queiras a tua morte.
Sejas da tua essência
E encontrarás a tua liberdade.
Seja a luz da tua infinita eternidade
Do teu Eu eterno...
CÂNTICO IX
Não sejas do mundo
Mais do que uma vaga lembrança.
Seja a tua angústia.
E a tua dúvida.
E a tua procura.
Não procures além de ti
O que em ti mesmo
É complexo,
Metafórico
E diverso.
Sejas deste mundo
Não mais que um tormento disperso ao vento.
Sejas (no teu silêncio amordaçado)
Um oceano de sentimentos.
Tu que és, no âmago,
Os teus sábios pensamentos
De eternidade...
CÂNTICO VIII
Sejas ingente feito um céu.
Não te percas no teu próprio limite.
Segues além da linha do teu horizonte:
Distantes das armas.
Distante de todas as drogas.
Distante da prostituição.
Seja o sopro do vento navegando solto pelos ares,
Ornamentado em ti mesmo,
Na verdade mais funda da tua existência.
Seja o amparo da velhice
No gesto caridoso
Do teu amor incomensurável,
Onde tu és em ti mesmo
A tua eternidade...
CÂNTICO VII
Seja o futuro.
Não te desespera em ser o presente:
Crias o inusitado!
Seja o passado no futuro
Revolvendo
Os teus desenganos,
Os teus fracassos,
As tuas dúvidas,
As tuas luxúrias,
As tuas sensualidades
E as tuas volúpias.
Seja o futuro em ti mesmo;
Mais do que as frivolidades do mundo físico
Que te circunda.
Seja a loucura de examinar
O infinito da tua sóbria eternidade
Em ti mesmo.
Tu que és o espelho
Dos primórdios da espiritualidade...
Não te desespera em ser o presente:
Crias o inusitado!
Seja o passado no futuro
Revolvendo
Os teus desenganos,
Os teus fracassos,
As tuas dúvidas,
As tuas luxúrias,
As tuas sensualidades
E as tuas volúpias.
Seja o futuro em ti mesmo;
Mais do que as frivolidades do mundo físico
Que te circunda.
Seja a loucura de examinar
O infinito da tua sóbria eternidade
Em ti mesmo.
Tu que és o espelho
Dos primórdios da espiritualidade...
CÂNTICO IV
Não te apressas
Em conhecer o mundo.
O mundo é igual em quase tudo:
O vento sopra,
A estrela te rutila,
O sol é férvido,
O amor arrefece,
A vida te estremece.
E tu, que és apenas o Homem,
Rezas uma prece
Dentro do vácuo adentrado em ti mesmo;
Que em ti mesmo
É o teu obscuro desencontro.
Seja a distinção do olhar
No porvir da tua real felicidade
Em mundos mais adiantados da Cosmologia.
Sejas da tua alma.
E nunca do teu corpo febril
Que se decompõe em puído fúnebre ao esquife.
E sem rodeios metafísicos...
CÂNTICO V
Ama a vida
Fluindo-te para dentro
No âmago dos teus enquistamentos.
Mesmo que tu sofras desilusões,
Ficas em ti mesmo
No amor desvelado em formas ondulantes
Dos teus infinitos oceanos
De rosas flutuantes.
Sejas paciente à espera
Do teu futuro transcendente:
Não sejas da vida,
Nem sejas da morte;
Sejas do espírito em ti mesmo
Que é eterno.
E ame o teu Deus
- sobre todas as coisas materiais e imateriais –
E anseie em ser um anjo
Etéreo e sem asas...
CÂNTICO IV
Não te aproprias de nada.
Não sonhas em vão.
Não te prendas à beleza.
Sejas etéreo,
Translúcido,
Invulnerável
E inefável criatura contida em ti mesmo.
Ama a curiosidade na metamorfose da luz em crucificar
A carne do teu espírito livre.
Seja a viagem
(na tua passagem material)
Que é imprópria ao teu ser espiritual
E navegas em ti mesmo
Circunscrito
No teu perispírito...
Seja a realidade do vasto universo
Que existe em ti mesmo.
CÂNTICO III
Não queiras sofrer mais
Do que os teus sonhos de pedra
Nos teus dias,
Nas tuas tardes
E nas tuas noites pequenas de amor.
Seja apenas a tua vida
Dentro do teu universo infinito e sem fim,
Sendo o teu louvor de viver eternamente dentro de ti mesmo.
Tenhas o eterno prazer
De reviver – em outras vidas,
A promessa da felicidade eterna
Na tua perfeição.
CÂNTICO II
Sejas da tua vida
Que te faz acrescer
Nesta tua eternidade de espírito.
Seja o teu caminho
Que te encaminhas à lucidez divina
De ter em ti mesmo
A grandeza do sonho de ser eterno dentro e fora de ti Mesmo.
Sejas suave,
Paciente,
Amoroso
E consistente
Em ações enérgicas de caridade.
Não sejas do mundo
Mais do que a ti mesmo.
Sejas das estrelas
Que são sóis
Que te absorvem nestas nuances coloridas.
Sejas do teu silêncio
Que mudo se desvela
Em ti mesmo...
CÂNTICO I
Não queiras ser mais
Que a tua procura do infinito,
Que a tua sabedoria
De não ser o deus
Da tua própria sina.
Levanta-te do teu calabouço
E vás ao encontro do vento,
Da lua,
Dos oceanos
E da tua vida
Que está dentro de ti
Na tua esplendorosa eternidade.
Seja o lamento
Na tua vibração material,
Na vaga matéria
Que o teu espírito em cativeiro coabita.
Sejas inteligente
No teu amor infinito de liberdade.
No horizonte efêmero dos teus dias enfermos
De incertas ilusões momentâneas;
Não queiras ter mais
Que a ti mesmo...
PRESO NO PASSADO
Esta saudade doentia
Empederniu o nosso tempo
Numa Copacabana linda
Desabrochou um amor eterno
Eternizando um passado agonizante
Lindas paisagens sulistas
Não são belas como o Aterro do Flamengo!
E as mulheres gaúchas
Que me perdoem esta discrepância
Mas a minha carioca da gema era escultural:
De uma beleza angelical
Surtavam os meus sentidos sensoriais
E o meu gauchismo extasiado...
LAMENTO
Imagens violáceas
Impregnadas de fantasias
Gurias da redenção
Escarram nos meus escombros
Como se eu fosse um espectro do nada
E esta telepatia indolente
Abusando desta ingênua canção
Solidões de concreto
Que passam despercebidas
Destes olhos lacrimosos indulgentes
Abundância de descrenças
Fervilhando a mente mentecapta
Neste meu ócio desamoroso...
MEUS PESADELOS
Vertigens vulcânicas
Invadem a mente neurótica
Escombros lunáticos
Imprimem riscos dementes
Como se a tua alma fosse uma centelha
E este meu passado agônico
Impetrando sentimentos desasados
Vertentes oceânicas
Escorrem estas animalizações
Como o relinchar douto de éguas selvagens
E as miragens aracnídeas
Desencadeiam uma rede de réprobos
Nestes pesadelos amorosos...
ÂNSIA MELANCÓLICA
Anseios psicodélicos
Envoltos ao tempo terminal
Este corpo desusado
Desnuda a paixão irresoluta
Procriando adversos detritos nirvanas
Elocuções ébrias absortas
Empobrecem elos de irrealidade?
Este instinto vigoroso
Numa melancolia desastrosa
Perpassa os caminhos de luas escavadoras
Adoçantes dos amanheceres
Estabilizam os meus pensares loucos?
Amar-te é uma ânsia sideral...
segunda-feira, 17 de maio de 2010
FERIDA INCURÁVEL
Este coração ardente
Escolado na escola da vida
Este sangrar ininterrupto
Como um colegial desatinado
Atravessando o lago da infantilidade
Esta dormência mental
Esclerosando os vasos cerebrais
Esta ferida incurável
Atazanando um coração tênue
Como se as águas não movessem moinhos
Este teu amor imperturbável
Que me desatina como as cordilheiras
Que se desviaram do destino...
PÉTALA DA FLOR
Jardins despetalados
Exalam os perfumes mágicos
Histeria de pétalas
Revoando ao som das harpas
Felicitando um grande amor inocente
Florações de fantasias
Albergando ilusões ilustradas
Como se a vida fosse um oceano de cravos:
Uma flor carioca dourada
Deu-me uma pétala amorosa mortal
E meu coração despedaçou-se...
ACABOU...
O surto intempestivo
Desabou os alicerces do amor
A inglória do impulso
Esbofeteou a face da verdade
Proliferando as solidões dos amantes
Presciência do desenlace
Enveredei-me pelos caminhos vis
E uma parceria fraterna
(num amor fugindo do mausoléu)
Desencarquilhou nos destinos da via Dutra
Estas lágrimas sangrentas
Enfureceram o meu cadáver odiado
E o nosso romance acabou...
DESCONFORTO
Descem as fantasias
Laborando conversas falhas
Estrupícios de dores afins
Desconectam os amores lânguidos
Como que cerzindo mágoas estilizadas
Escavações desconfortáveis
Assimilando a inglória do desamor
Razões mutiladas de ópio
Resvalam nos escombros sórdidos
Prevalecendo os suplícios dos amanheceres
Selvagens maestrias dúbias
Estrangulam os luares apaixonados
E o nosso amor emborcou...
AMOR DOIDO
Débeis alegrias
Convergiam ondulações
Estripulias cotidianas tênues
Estilizavam as noitadas obsequiadas
Comungando nos luzeiros incandescentes
Sinuosas fantasias mescladas
Inviabilizavam a lucidez das estrelas
Excitações frenéticas silentes
Extrapolavam as orgias bagualas
Como se as luzes do amor fossem dum prostíbulo
Orgasmos voluptuosos
Eram como cascatas escoando gemidos...
Brotando estilhaços de loucuras!
DESEJO PROIBIDO
Amei-te sim
De uma forma plena
Mas os nossos sonhos
Eram quimeras de orvalhos
Onde os meus olhos se desencadeavam
Doçura de desejos
Acalentava as ilusões ébrias
Mas a sinopse do amor
Constrangia os meus versos
Deflagrando a inspiração contorcida
Nos débeis amanheceres...
DESEJO FULMINANTE
Eu te amava
De um jeito avançado
Multiplicava cores
Nas nossas noites faceiras
Onde o desejo era eletrizante
Soltava uns relinchos
Como se fosse um potro selvagem
Beijava a tua boca
Com detalhes alucinantes
Que te faziam remexer os olhos
E os gritos medonhos
Eram montanhas estreladas
Eu te amava
De um jeito esfomeado
Em sonhos de véus...
DESAMOR
Nestas lágrimas
Onde passam os sonhos
O universo conspira desilusões
Neste corpo inerte
A minha alma tristonha
Confabula nestas minhas saudades
O teu amor era tudo
Que um pobre poeta articulava:
As manhãs ensolaradas
Não prestavam mais para nada
Sem o teu sorriso enfeitando ilusões
Uma força maior
Desarticulou as quimeras
E o desamor emborcou venenos:
Em nossas bocas
Sedentas de conceitos lúdicos
Nas asas do desamor...
LÁGRIMAS DE SANGUE
Escorrem funestas
Estas lágrimas de sangue
Avermelhando esta face
Que se distorce em saudades mil
Como se o tempo parasse no seu trajeto
É como se os meus olhos
Estivessem petrificados no olhar...
Estas lágrimas vermelhas
Denunciam a distância crucial
Espalhando a miséria de uma ilusão
E meus soluços absurdos
São as solidões negras das dores
Num fiapo de ensejos...
DESVIO
O amor em demasia
Estrangulava o desejo insano
A pressa de ser feliz
Comprometia as luzes da paixão
Como luzeiros estelares se incendiando
Abraços incandescentes
Estipulavam os versos das ilusões
Manobras corriqueiras
Enfeitiçavam os meus olhares
Como frestas de sóis luzentes emborcadas...
Manuseios horripilantes
De desejos febris que se desmascaram
Num sopro de um desvio...
TUDO ACABADO
E as flores turvas
Estilhaçavam as ilusões
As mesmices cotidianas
Versavam lírios como delírios
Que se apressavam no embuste das dores
Versões madrugadoras
Imbuindo as nuanças do tédio
Carrosséis de ilusões
Perpassavam as paisagens
Desniveladas no dorso das paixões
Mansões negras infinitas
Alimentavam as nossas desesperanças
E os olhares pervertidos
Desencontravam as luzes do porvir
Num desequilíbrio de almas cegas suplicantes:
Um presépio dos deuses
Rompeu o elo dos grandes amores...
CASTELO DE AREIA
Abundantes sonhos
Desfilavam sobre os caminhos
A alegria minava a tristeza
No embalo das noitadas de amor
Onde as carícias prevaleciam às distinções
O mundo era pequeno
Como uma abóbora dos feirantes
As necessidades se cruzavam
E o alicerce das paixões arrebatadoras
Acomodava a insegurança por dias melhores
O relógio era um objeto de arte
Decorando as paredes da inconsciência
As malícias da vida material
Não invadiam os suspiros dos amanheceres
Na bolha viscosa da utopia dos amores impenetráveis
Mas o castelo era todo de areia
Que as águas verdes dos mares o afundaram:
Silêncio de sonhos emborcados...
MUSA
Encanto musical
Nestes versos madrugadores
Beleza de flores silvestres
Ornamentada com espumantes
Que designam a festividade dos teus gestos
Apocalipse da desventura
Numa enxurrada de sonhos salutares
Luzeiro da liberdade
Anunciando as minhas alegrias
Penduradas no teu bordado de fascinações:
Perpétua paixão poética...
O SONHO
Um sopro no ar
Esconde o encantamento
As luzes dos vitrais
Transparecem as inverdades
De um amor sonhado nas estrelas
Um sonho encantado
Que vibrou o meu coração
Uma força impenetrável
Compartilhando das inconveniências
Abortou a suplicante paixão escrevinhadora:
Tenham a santa paciência
Mas os luares já estão satisfeitos...
E o amor acabou!
TANTO TORMENTO
Estes versos doridos
Explodem dentro do meu peito
Estas trevas oceânicas
Alagando a minha insistência
É a protuberância de um amor mal resolvido...
Estes versos agônicos
Incendiados de tristezas escarpadas!
Estas dores tresloucadas
Inviabilizando estas substâncias
De alegrias mortificadas em uma mocidade insólita
Estes poemas angustiantes
No entrelaçamento de almas separadas
Na tortura de um mal pensar...
NEM AMIZADE?
Corpos separados
Em pensamentos distantes
Segredos em silêncio
Distanciam as almas que amaram
No enforcamento dos sonhos ainda selvagens
Um telefone que não toca
É o prelúdio da desesperança letal...
Depois de tanto amor
Não restou sequer uma amizade
Nesta estupidez silenciosa da estrada do esquecimento?
Quero ouvir a tua linda voz
Dizendo-me que o sonho nunca acabou
Num estágio sutil da nossa dor...
DESORDEM
Tudo está perplexo
Diante da metamorfose do amor
As delícias da convivência
Entre beijos e carícias demoradas
Como os ventos que sopram as nuvens esparsas
Este vazio num quarto triste
Abocanha a minha vontade de viver...
A rutilância das estrelas
(ofuscando sobre o dorso dos versos)
Não possuem o poder de organizar as angústias do desamor?
O que eu sei dos sonhos estelares
Se os meus pesadelos traduzem as minhas mágoas?
Estou corrompido pelo cupido...
RECORDAÇÃO
Os raios fúlgidos
Realçavam o teu esplendor
As tuas formas angelicais
Nutriam os olhares extasiados
E eu ficava envaidecido com tanta beleza
Os teus olhos castanhos
De um escuro que lembravam pérolas...
Os teus beijos ardentes
Que me induziam às excitações
E ao êxtase das peles esfregando paixões
O prazer na tua bunda
Como se fosse uma maça vermelha
É o meu maior pecado...
OS SÓIS
Cada sol distante
É uma estrela rutilando raios
Cada sol incandescente
É um mundo dos espíritos superiores
Onde eles confabulam ideais aos mundos materiais
Os sóis são estrelas
Que iluminam as preciosas encarnações
E o amor das estrelas
Embalou os nossos corações
Como flâmulas celestiais se desenovelando...
Estes luzeiros estelares
São as eletricidades iluminando os universos infinitos
E os grandes amores em construção
Como as estrelas brilhantes
Um dia se apagam...
UM ABRAÇO
As ilusões
Fartam-nos os olhos
Um abraço aquece o coração
Mas um abraço de amor eternizado
Multiplica as bênçãos e a redenção do espírito
O teu abraço afetuoso
Como o sopro do Cristo aos ouvidos dos homens-surdos:
Eu não entendi o teu pacto amoroso
E a minha idiotice suprema era alérgica
Aos apelos da tua carência de um abraço fraternal
E se hoje eu estou sozinho
É porque o meu espírito não aprendeu
A crescer no teu amor...
A LUZ DO TEU OLHAR
Fiquei desatento
Sem a luz do teu olhar
As mesmices cotidianas
Transparecem as inutilidades
Que eu carrego nos meus amanheceres
A luz do teu olhar
Era uma lanterna a guiar-me pelos caminhos da vida
E sem este amor de luminosidade
(atravessando os oceanos das pétreas insatisfações)
Sou apenas este corpo fétido à deriva
E meus maus pensares...
NÃO SEI...
Ensaios de uma vida
No meu esconderijo suplicante
Vermelhas são as rosas
Que não puderam ser girassóis
Como o meu amor frustrado sem emoções
Inconscientes lampejos
De uma vitrine de pensamentos
Vestígios do nosso amor
São pétalas dispersas ao vento
Construindo o desenho áspero da dúvida:
Queria te amar de novo
Mas desconheço o pesar das aflições
E se sou infeliz, não sei...
FRIEZA
Este frio cortante
Invade as estantes do saber
Corações gélidos vertidos
Impulsionam as emoções indistintas
Como bombas mecânicas regando o indisponível
Traiçoeiras serpentes do tédio
Encrespam os meus sentimentos agônicos
Envernizadas trepadeiras
Fustigando as aporrinhações cotidianas
Convalescendo os versos hipnóticos da escuridão
Compartimento de velhas rebeldias
Assenhoreando as medalhas de um nudismo
Quase que incomparável...
MINHA DEUSA
O teu amor é sagrado
Como uma garça sobre as águas
A tua luminosidade
É um verso estrelado fulgindo
Entre dois corações apaixonados de estradas...
A tua religiosidade científica
Supera todas as expectativas dos universos
A tua abundância celestial
(no enquadramento das paisagens)
Impressiona os sentidos do alvorecer das iniciações
O teu sorriso reluzente
Envaidece a profissão dos cirurgiões-dentistas:
Meu fascínio eternizado é devoto...
MEU VERSO
É um instante lúdico
Onde eu brinco com palavras
Palavras que expressam
As minhas emoções mais íntimas
Construindo os louvores verbais poéticos
Palavras em construção
Esvoaçando os sentimentos agônicos
Palavras que denunciam
As belezas cintilantes das estrelas
E o potencial oceânico dos pronunciamentos
Palavras que formam versos
Na exuberância das metáforas alegóricas
Inundando as paixões eternas...
JUROU MENTIRAS?
Esqueci de viver
Sonhando juras de amor
Juras do teu grande amor
Que não fossem mentiras esquálidas
Comprometendo a minha esperança satélite
Jurou mentiras frívolas
Engrandecendo a tua pátria de ilusões
E quando me amou pouco
Com as tuas reservas psicológicas sutis
Que desabavam a minha ciência desequilibrada?
O teu olhar te denunciava
Ornamentando a tua frigidez colérica
E eu te amava abismado...
TEMPESTADE
Trovões e relâmpagos
Conspiravam as idealizações
Era um amor bonito
Cheio de graça e encantamento
Que me deixava feliz mesmo com as dores
Mas a inveja troglodita
Angustiava os parentescos estropiados
E a tempestade multiplicava
Os meus temores em mares revoltos
Agonizando-me com estas loucuras caleidoscópicas
Os luzeiros das escuridões
Enfraqueceram o poder na nossa renovação
E um grande amor naufragou...
SAUDADE
Esta distância neutra
Compactuando com os suplícios
Este tempo anestesiado
Numa retrospectiva homérica
Especulando o vozerio de uma liberdade:
Liberdade destes deuses
Que podem amenizar os meus pesares
Uma saudade ablastêmica
Incorporada na costela do poeta
Como um vento morto que não sopra os Minuanos
Desejos febris lancinantes
Conspirando ilusões esclerosadas e débeis
Martirizando o meu egocentrismo...
AMADA ETERNA
Brilham as estrelas
Translúcidos são os teus universos
Colorem as vibrações
De róseos avermelhados vinhos
Na especialidade dos teus véus rutilantes
Encorpamento da ventura
Vislumbrando os olhares magníficos
Ondulações perpétuas de lírios
Ornamentando a tua escultura deificada
Como se tu fosses a esposa de um divino deus Apolo
E as margens do Ipiranga
Gritarei que sou o teu amor eterno
E teu bravo escudeiro...
FASCINAÇÃO
Deslumbre dos deuses
Enfeitiçando os meus olhos verdes
Impulsões de gestos belos
Equacionando os meus universos
Como a dança dos cisnes brancos no lago da paixão
Amor deificado nas estrelas
Em luzeiros lunares louvando lubrificações
Espirituosa afeição sorvida
Incrementando os versos oníricos
Como as nuanças do arco-íris expostas aos ventos fluídicos
Encenação teatral desconcertante
Abrilhantando o constrangimento das vozes
Num hipnotismo inundado de véus...
AJUDA DOS CÉUS
Sei que sou pecador
Nesta justificativa do sofrer
Frágil criatura revoltada
Que sofre as lamentações dos transtornos
Que a vida pétrea impetrou numa revelação futurista:
Quem poderá me ajudar
Se o meu relógio do tempo está desequilibrado?
Os jovens evolucionistas
Com as suas invenções de sucesso
Poderão quem sabe até me emocionar substancialmente...
Mas eu sei que sou pecador
E a minha desonra foi te amar indevidamente
Os monges estão chegando
E as minhas ilusões explodem no espaço
Como um fracasso de sonhos mortificados nas escuridões
Perdi o meu tempo sonhando
E o que me restou são as sobras de um grande amor:
Nem Deus pode absorver tantas tristezas...
O MEU CANTO
Elevo a minha voz
Para elucidar o meu sentimento
É este sentir delirante
Causando as fortes emoções
Que clarificam todos os meus cantares
O meu desenhar de sonhos
Transportam os gestos das paixões
As espumas dos teus mares
São as minhas melodias de prantos
Onde o meu canto exerce a sua profissão:
Ó este meu canto vaporoso
Como nuvens esparsas se espalham!
E tu és a alma do meu canto...
FLOR DE CACTOS
Mulher tão linda
Que frutifica os versos meus
Como uma rosa vermelha
O teu corpo tem espinhos afiados
Que penetram no meu coração desazado
Mar é flor de cactos
Da cor de um verde barrento?
Como viver a vida
Sem o perfume que exalado
Purifica o meu olfato tão sensibilizado?
Talvez eu já esteja morto
Sem o sumo deste amor solidificado...
Teus espinhos; meu despertar!
PERDÃO
Vergam-se os cílios
Nos cálices do arrependimento
Emborcam vis jornadas
Embrutecidas no tédio doentio
Propiciando suspiros envergonhados de dores
Ó como mutilei o coração
De uma princesa endoidecida de drogas!
Uma fervura de miolos
Numa relatividade de momentos
Principia o meu remorso cruciante de constrangimento:
Se eu preciso te pedir perdão
Que seja genuinamente poética a constatação...
Poema pungente pelo perdão!
MEU PRANTO
Descem os degenerados
Convivendo em insólitas desventuras
Constipações adversas de sóis
Enquadrando as doridas especulações
Que atravessam o meu peito inflado de desamores
Construções enigmáticas
Estigmatizando os meus versos agônicos
Ilustrações lucíferas cabalísticas
Apregoando manifestações esotéricas
Num acasalamento penetrante de angústias e agonizantes
E este teu cheiro penetrante
Entranhando nas minhas narinas sensibilizadas
Que me fazem sofrer de insônia...
AINDA É CEDO
Nasce outra manhã
Sem que eu veja a tua imagem
Imagem toda gloriosa
Que deificou a minha vida
De uma forma absoluta e irremediável
Ainda é cedo em demasia
Que eu nem vi o galo te cantar?
Improviso das luzes
Que vão surgindo pelas frestas
Aborta as escuridões que reinavam em silêncio
Neste alvorecer matinal
Eu percebo o vácuo na distância do amor:
Deste teu amor quase insondável...
TRAIÇÃO
Que palavra triste
Que persiste em me perseguir
Nuvens negras espessas
Sobrevoam as esperanças desnutridas
Como se fossem um espectro aterrorizado das larvas
Blindados de emoções obscuras
Interceptando os vértices das malícias obscenas
Partituras de canções turvas
Entrelaçam os pensamentos remoídos
Estilhaçando a indecência dos medos maquiavélicos
E um passado agônico me consome
Industrializando os sentimentos de culpabilidade
Nesta desesperança de acolher consolações...
MAYLUZ
Farol que me guia
Numa luz de amor fraternal
Dianteira espiritual
Que me atravessa a humildade
Em querer perpetuar a bondade das luzes
Vitral azulado de ternura
Diagnosticando os meus ideais alvos
Paisagem da mística
Aprofundando o olhar das artes
Numa dicotomia cúmplice das florações silvestres
E estas saudades insolúveis
Configuram o esplendor da tua imagem
Nesta minha vida de recordações...
DISCO VOADOR
Quero uma saída
Para escapar desta saudade
Esquecer deste amor
Que eu concebi na juventude
Anestesiando os meus pensares solidões
Mas se o amor já acabou
Porque remoer as recordações inúteis?
Talvez um disco voador
Possa me propiciar uma carona
Onde encontrarei as delícias de um novo amor
Será que tenho que deixar a Terra
Para me desfazer da dor de um grande amor?
Como aniquilar esta minha memória?
MEU SANGUE
O meu sangue
É o teu veneno de cicuta
É este cruzar venoso
De nossos dedos principiantes
Edificando a tragédia do sofrimento
O meu sangue
São os teus mares revoltos
É esta tinta avermelhada
Conspirando idealizações não resolvidas
Como uma agulha sem ouvido a costurar sonhos
O meu sangue
É o teu sangue coagulado em mim
Nesta tua eternidade...
É o teu veneno de cicuta
É este cruzar venoso
De nossos dedos principiantes
Edificando a tragédia do sofrimento
O meu sangue
São os teus mares revoltos
É esta tinta avermelhada
Conspirando idealizações não resolvidas
Como uma agulha sem ouvido a costurar sonhos
O meu sangue
É o teu sangue coagulado em mim
Nesta tua eternidade...
EMOÇÃO COMPLEXA
Este deserto de dores
Conspirando desolações múltiplas
Avenida de mágoas
Agonizando ideais desnutridos
Pulverizando as alegrias encharcadas
Hediondas contemplações
De uma vida destroçada no caos
Inferno de angústias
Maquiavelizando os escombros
Que o teu amor de boneca me proporcionou
Induções suicidas comprometidas
Sendo refreadas pela luz do Espiritismo
Ondulações oceânicas
Abaulando o meu cerebelo abalado
Constatando as invernadas de uma vida rebelde
Eu queria te amar de novo
Só pra te mostrar o meu lado feminino:
Será que estou menos brutalizado?
MISTÉRIO
Que onda é esta
Que só me afoga em mágoas?
Que espetáculo escroto
Inviabilizando os meus foguetórios
Numa eternidade de angústias maltrapilhas?
Suplícios envergados na dor
De um amor insondável de estrelas
Numa constelação funesta...
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