sábado, 26 de junho de 2010

TRISTEZA ANCORADA

 O meu taciturno poema
 É apenas um grão de areia
 A minha alma em estilo de Ipanema
 É esta poesia que me sai da veia

 O meu taciturno poema
 É uma fruta podre jogada ao chão
 E o meu amor não se chama Iracema
 E tem este gosto de salsichão

 O meu taciturno poema
 É apenas uma vertigem de alegria
 E o meu visual é de cinema
 E o meu coração uma sangria

 O meu taciturno poema
 É apenas um ruído desolado
 Sou poeta vanguardista no sistema
 E carrego a tristeza do lado

 O meu taciturno poema
 É uma folha triste desfolhada
 E ter que viver é o meu dilema
 E sinto saudade da amada

(Fernando Gomes)

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