quarta-feira, 30 de junho de 2010

JARDIM SUSPENSO

Sou um jardim
 Suspenso em flores despetaladas
 Do meu triste outono.
 Sou os espinhos das rosas
 Espetando a minha breve esperança
 De amar mais uma vez
 O amor antigo.

 Sou um jardim
 Suspenso no aroma intragável
 De o meu triste navegar.
 Sou os galhos retorcidos
 Das árvores maquiavélicas
 No jeito de folhar
 O infinito vácuo do meu olhar...

 Sou um jardim
 Suspenso na fragrância indispensável
 De florir o condomínio,
 Cheio de mentes distorcidas
 No ópio das coisas...
 Sou os troncos endurecidos
 Das árvores anciãs!

 Sou um jardim
 Suspenso no colorido diverso
 De flores adversas.
 Sou as raízes profundas
 Que vegetam
 No subsolo da humanidade:
 Sou o vago!


 Sou um jardim
 Suspenso em margaridas gentis
 Em florir a minha vida
 Mórbida de longas tristezas...
 Sou as folhas desfolhadas
 Se espalhando pelo chão de concreto
 Das madrugadas.

 Sou um jardim
 Suspenso de violetas vaidosas
 Vislumbrando o limo
 Da minha mente ausente e febril.
 Sou um passarinho
 Que pousou no meu galho
 E depois sumiu...

(por Fernando Pellisoli)





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