Sou um jardim
Suspenso em flores despetaladas
Do meu triste outono.
Sou os espinhos das rosas
Espetando a minha breve esperança
De amar mais uma vez
O amor antigo.
Sou um jardim
Suspenso no aroma intragável
De o meu triste navegar.
Sou os galhos retorcidos
Das árvores maquiavélicas
No jeito de folhar
O infinito vácuo do meu olhar...
Sou um jardim
Suspenso na fragrância indispensável
De florir o condomínio,
Cheio de mentes distorcidas
No ópio das coisas...
Sou os troncos endurecidos
Das árvores anciãs!
Sou um jardim
Suspenso no colorido diverso
De flores adversas.
Sou as raízes profundas
Que vegetam
No subsolo da humanidade:
Sou o vago!
Sou um jardim
Suspenso em margaridas gentis
Em florir a minha vida
Mórbida de longas tristezas...
Sou as folhas desfolhadas
Se espalhando pelo chão de concreto
Das madrugadas.
Sou um jardim
Suspenso de violetas vaidosas
Vislumbrando o limo
Da minha mente ausente e febril.
Sou um passarinho
Que pousou no meu galho
E depois sumiu...
(por Fernando Pellisoli)
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