quarta-feira, 30 de junho de 2010

VISÃO TURVA

 Não vejo mais
 O meu castelo de areia,
 Nem vejo mais em mim
 A alma que se desmancha.
 Não vejo mais as estrelas
 Que são sóis vistos de perto.
 Nem vejo mais o amor
 Nos meus olhos encerrados.
 Não vejo mais
 O sorriso destas flores
 Que são tristes e murchas,
 Nem vejo a rua...

 Não vejo mais
 A lua dos namorados,
 Nem vejo a cidade maravilhosa
 Dos meus sonhos
 Que viraram pesadelos...
 Não vejo mais o mar
 Na impetuosidade dos surfistas,
 Nem vejo um olhar
 Que me faça renascer
 Das cinzas do meu funeral.
 Não vejo mais
 O teu sexo ausente!

 Não vejo mais
 Os suspiros dos cisnes
 E as baladas da noite,
 Nem vejo a beleza
 Do teu corpo de sereia.
 Não vejo mais
 A alegria no meu verso,
 Nem vejo o coração
 Pulsar dentro do peito.
 Não vejo mais
 A luz que ilumina
 Os meus ais!

 Não vejo mais
 O interesse das coisas,
 Nem vejo o profeta
 Anunciar um novo mundo?
 Não vejo mais
 A ecologia governar
 Os destroços da natureza,
 Nem vejo o amor
 Começar na libido
 De uma nova história.
 Não vejo mais
 A minha inocência...

(por Fernando Pellisoli)






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