domingo, 4 de julho de 2010

VERSOS PICTÓRICOS

Descrevo estas imagens
 Descolorindo os meus desenhos aquarelistas;
 Mas os meus sonhos são miragens
 De pinturas congressistas...

 Os traços sutis e sinuosos,
 Das canetas de nanquins sobre as aquarelas,
 Desvelam os oníricos formosos
 Na tintura das caravelas...

 Os movimentos precisos,
 De uma espátula lancinante e flexível,
 Representam os meus ávidos avisos
 De um vermelho inflexível...

 Como queima a pintura
 Nos seus coloridos frenéticos amarelados;
 Mas o gesto da minha procura
 São marrons vedados...

 Sou um artista plástico
 Temporariamente desativado do mercado;
 Mas o meu desespero é elástico
 E me dói um bocado...

 Eu sou um aquarelista
 Como um simplório poeta das massas;
 Mas eu sou um artista descritivista
 No bucólico das praças...

 A mística da minha aquarela
 É devaneio da dualidade do meu amor abafado,
 Pois o insólito amor que eu sinto por ela
 Ainda não está acabado...

 II

 A plasticidade das cores
 Retratam as imagens pictóricas do meu Carma;
 Mas o aprofundamento das minhas dores
 Aproxima-me do meu Darma...

 Desenho imagens fictícias
 Em papel italiano apropriado às minhas aquarelas;
 Mas o desfecho de todas as sevícias
 São estas vagas caravelas...

 A essência da minha pintura
 É a tecnicalidade desprovida de ensino superior,
 Pois sou autodidata de vida imprópria e dura
 De uma cidade do interior...

 Sou um artista original
 Criador do meu próprio desenho abstrato,
 E a minha forma ondulada é um sinal
 Do meu jeito, do meu trato...

 Pinto o meu universo
 De imagens mediúnicas da paranormalidade;
 Mas é na poesia vibrante do verso
 Que eu deflagro a minha perplexidade...

(por Fernando Pellisoli)

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