O brilho das estrelas
Não pode durar por toda a eternidade;
Mas eu quero sempre vê-las
Na minha mediunidade...
Tudo se transforma.
Apenas a eternidade, os Espíritos Puros e Deus
Permanecem intactos na norma.
E este meu corpo já me disse adeus...
O tempo de brilhar
(neste globo impiedoso que impõe torturas)
É como um lampejo da brisa do mar
Nestas tuas envergaduras...
Tu és um artista,
Eu bem sei desta tua característica abrilhantada.
Mas nunca perdas da tua vista
A tua alma acalentada...
Dance, sempre, sem parar.
Pois o teu momento (que é muito breve)
Brevemente vai expirar
E ficar de greve...
O Brilho do teu canto
Vai encantar uma multidão de corações;
Mas quando te deitares no pranto
Das tuas tristes emoções...
Na arte de representar,
Encontraste o teu deslumbramento de ter o mundo
Nas mãos que tu podes ainda desatar.
Mas o buraco é mais fundo...
II
Foi fazendo escultura
Que tu glorificaste as tuas mãos inundáveis.
Mas esta tua dor, que é impura,
São dores incomensuráveis...
A minha visão cansada
Vai me afastar definitivamente da minha escrita.
E a poesia vai ficar muda, calada
Aos olhares da Evita...
A vida já passou.
E ainda não estamos prontos pra última viagem,
Pois cá no retiro dos artistas eu sou
Também da paisagem...
Estamos aqui reunidos
Esperando, uns com receio, outros não, a passagem.
Mas todos estão na fé comovidos
Detectando esta insignificante bobagem...
A vida sempre continua
No silêncio abismado dos olhares taciturnos,
Pois a alma, em frangalhos, está nua
Nos últimos suspiros noturnos...
(por Fernando Pellisoli)
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