Coabita dentro de mim
Esta força maléfica de inconseqüência azul,
Onde eu traço o meu triste fim
Aqui no meu Sul...
Como é sempre insuportável
Esta vida pavorosamente inútil e desumana,
Como uma lanterna imprestável
Que de mim emana...
Sai de mim encosto
Desfigurando a minha felicidade sadia,
Pois quero voltar ao meu posto
De poeta que procria...
Quero respirar fundo
Esta minha poesia dramática e dilacerada;
Mas não quero viver neste mundo
Desta sorte decepada...
Atravesso o Oceano
Com o meu espírito louco pedindo socorro,
Pois neste meu início de ano
Eu quase que morro...
O corpo está pesado
Nesta desventura demoníaca dilacerante,
Pois este espírito desalmado
É vil e suplicante...
Eu estou convencido
De que esta minha melancolia angustiante
É desfeito deste espírito bandido:
Quero ir mais adiante!
II
Não quero nenhum padre
Exorcizando o latifúndio do meu corpo febril;
Mas os biscoitinhos da minha comadre
Eu como mais de mil...
Ó meu anjo de guarda,
Estou, literalmente, no fundo do meu calabouço.
Mas não preciso usar nenhuma farda
Pra ouvir o que eu sempre ouço...
Não sou ambicioso,
Mas eu quero a liberdade nos meus desencontros.
Talvez eu precise ser mais audacioso
No limiar dos encontros...
Atravesso esta escuridão
Nas alamedas infernais desta dramatização,
Pois sobreviver nesta minha solidão
É quase a histérica fascinação...
Sou poeta da loucura.
E este espírito maluco que me acompanha
É o enxerto da minha improcura
Nos tordilhos da minha campanha...
(por Fernando Pellisoli)
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